A DESIGNAÇÃO DA PALAVRA SENHOR: UMA ANÁLISE SEMÂNTICA DO SENHORIO BRASILEIRO NA ESCRAVIDÃO E SUA CONTINUIDADE NO PÓS-ABOLIÇÃO
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2014.v2i1.44Palavras-chave:
Semântica do Acontecimento, Senhorio, Poder, Escravidão, Cartas de liberdade, Textos jornalísticosResumo
Este trabalho investiga sentidos da palavra senhor circulantes em cartas de alforria no Brasil durante o período de 1841 a 1888 e em textos da imprensa baiana durante o período de 1870 a 1899. Procura-se responder à questão Como se caracteriza semanticamente o senhorio brasileiro?. Para tanto, mobilizando pressupostos da Semântica do Acontecimento, aliados a alguns princípios da História/Historiografia, analisa-se um corpus de cartas de alforria originais de Vitória da Conquista–Bahia, do século XIX, abrangendo o período de 1841 até o ano de 1888, período este em que vigorava o sistema escravista no Brasil; analisa-se também um corpus constituído de textos da imprensa baiana do século XIX considerando dois momentos: a) os últimos anos da escravidão brasileira, especificamente nos jornais Correio da Bahia, edições de 1870 a 1879 e O Asteróide em edições de 1887 a 13 de Maio de 1888; b) e os primeiros anos após a abolição da escravidão no Brasil, especificamente nos jornais O Asteróide, em edições de 14 de Maio de 1888 a 1889, e Pequeno jornal, em edições de 1890 a 1899. Mobilizando conceitos da Semântica do Acontecimento, demonstra-se, com base nos dados que o senhorio brasileiro apresenta sentidos específicos fundamentados, não somente na relação senhor-escravo, mas também no poder do senhor exercido em diferentes esferas na escravidão; os dados comprovam também a continuidade de tal poder no período pós-abolição.
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