LINGUAGEM EM CRIANÇAS COM TRISSOMIA DO CROMOSSOMO 21 EM COMORBIDADE COM O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: CONTRIBUIÇÕES DO MÉTODO PADOVAN® DE REORGANIZAÇÃO NEUROFUNCIONAL

Resumo

A Teoria Histórico-Cultural (THC), base teórica desta pesquisa, apoiada nos pressupostos teóricos de Vygotski e de Luria, salienta que todas os indivíduos, ao longo do seu desenvolvimento, sejam deficientes ou não, apresentam capacidade para aprender, pois consideram que a estruturação do cérebro ocorre pela presença do outro, em situação relacional-intencional. O mesmo pode ocorrer com os indivíduos que apresentam a Trissomia do Cromossomo 21 (T21) em comorbidade com a Síndrome do Espectro Autista (TEA) a partir das construções teóricas enunciadas por Vygotski e Luria, a THC. Dentre as propostas de intervenção terapêuticas para o desenvolvimento da linguagem desses indivíduos, T21 em comorbidade com o TEA, aplica-se o Método Padovan® de Reorganização Neurofuncional (MPRN), objeto de análise deste estudo, que na sua aplicação terapêutica, recapitula as fases do neurodesenvolvimento do Sistema Nervoso Central (SNC). E, o faz, por meio de exercícios corporais específicos para a estimulação das funções orofaciais como a respiração, sucção, mastigação e deglutição, consideradas funções pré-linguísticas, e que antecedem a fala, podendo ser apresentado como um recurso eficiente, fornecedor das bases para a reestruturação e maturação do SNC, e evidenciando os benefícios de sua aplicação, ao longo do processo de maturação desses indivíduos. O objetivo deste estudo é o de caracterizar MPRN como proposta terapêutica na aquisição da linguagem de crianças com T21 e comorbidade, visando analisar os resultados de sua aplicação e sua efetividade para a aquisição da linguagem desta população. Os dados foram coletados no Grupo de Pesquisa em T21 “Fala Down”, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) ao longo de doze (12) meses, de setembro de 2022 a setembro de 2023, em sessões de intervenções terapêuticas, com três (3) crianças T21 e comorbidade, com idade de um (1) ano, dois (2) anos e quatro (4) anos, que não apresentavam linguagem e nem a aquisição de fala. Os dados foram coletados em intervenções semanais, com a aplicação do MPRN e indicaram o início do processo de reorganização neurológica dos sujeitos, sendo observado que, após a aplicação dos recursos do MPRN, as áreas cerebrais do lobo temporal, parietal e frontal, dos sujeitos denotaram estruturação e reestruturação, evidenciando conexões e sinapses neurais demonstradas na intensificação do desenvolvimento da linguagem das crianças, que passaram a apresentar o Balbucio Canônico (BC) seguido da evocação das primeiras palavras. Os dados iniciais evidenciaram a efetividade possível do MPRN, como proposta terapêutica viável e eficaz na reabilitação e habilitação da fala e da linguagem em crianças T21 em comorbidade com o TEA.