ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS NORMAS POPULAR E CULTA DO PORTUGUÊS DE VITÓRIA DA CONQUISTA: CONCORDÂNCIA NOMINAL DE NÚMERO
DOI:
https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2015.v3i1.59Palavras-chave:
Concordância nominal de número, Estudo comparativo, Normas popular e culta, Teoria da Variação e Mudança, Vitória da ConquistaResumo
Nesta pesquisa, investigamos o fenômeno da variação na concordância nominal de número no português culto de Vitória da Conquista por meio de um registro sistematizado da fala dos informantes à luz da Teoria da Variação e Mudança. Objetivamos, com isso, realizar um estudo comparativo entre os dados por nós analisados e os dados analisados por Guimarães (2014), referentes ao português popular. Para uma melhor compreensão do funcionamento do objeto pesquisado, julgamos relevante controlar as seguintes variáveis estruturais: posição linear do constituinte, posição do constituinte com referência ao núcleo do sintagma nominal (doravante SN), classe gramatical do constituinte e saliência fônica; assim como as variáveis sociais: faixa etária, sexo e escolaridade. Os dados da análise foram extraídos dos corpora PPVC e PCVC (Corpus do Português Popular de Vitória da Conquista e Corpus do Português Culto de Vitória da Conquista, respectivamente), constituídos pelos Grupos de Pesquisa em Linguística Histórica e em Sociofuncionalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB. Utilizamos amostras de fala de 12 (doze) informantes do português culto cujos resultados foram comparados com os dados de 12 (doze) falantes do português popular. A análise quantitativa dos nossos dados envolveu um total de 2.205 constituintes sintagmáticos nominais submetidos ao programa estatístico Goldvarb. Já em relação ao português popular, Guimarães (2014) analisou 2.979 dados. Em face da atuação das variáveis linguísticas e extralinguísticas sobre o fenômeno por nós investigado, julgamos necessário proceder à análise a partir daquelas mesmas variáveis que foram selecionadas pelo programa como significativas, do ponto de vista estatístico a fim de chegarmos a resultados muito mais conclusivos. Assim sendo, nossa análise recaiu sobre as seguintes variáveis independentes: posição linear do constituinte, posição do constituinte com referência ao núcleo do SN, classe gramatical do constituinte, saliência fônica, sexo, escolaridade e faixa etária. Esperamos, com a presente pesquisa, mostrar como é realizada a concordância nominal de número no SN entre informantes da norma culta na comunidade de fala de Vitória da Conquista, bem como evidenciar, com base na análise das variáveis linguísticas e extralinguísticas, quais delas mais favorecem a aplicação da regra formal da concordância nominal de número.
Como citar:
MEIRA, Gilberto Almeida. Estudo comparativo entre as normas popular e culta do português de Vitória da Conquista: concordância nominal de número. Orientador: Jorge Augusto Alves da Silva. Coorientadora: Valéria Sousa Viana. 2015. 131f. Dissertação (mestrado em Linguística) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Programa de Pós-graduação em Linguística, Vitória da Conquista, 2015. DOI: https://doi.org/10.54221/rdtdppglinuesb.2015.v3i1.59 . Acesso em: xxxxxxxx
Downloads
Referências
ANDRADE, Patrícia Ribeiro de. Um fragmento da constituição sócio-histórica do português do Brasil: variação na concordância nominal de número em um dialeto afro-brasileiro. Dissertação de mestrado, UFBA, Instituto de Letras, 2003.
ANTONINO, Vívian. Português popular de Salvador: uma análise da concordância nominal em predicativos do sujeito e em estruturas passivas. Tese de doutorado, UFBA, Instituto de Letras, 2012.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. 5ͣ edição, Campinas, SP: Pontes Editores, 2005.
BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Nós cheguemu na escola, e agora?: Sociolinguística e educação. São Paulo: Parábola, 2005.
BRANDÃO, Sílvia Figueiredo. Concordância nominal em duas variedades do português: convergências e divergências. Revista Veredas. Atemática, 2011.
BUENO, Elza S. da Silva. Influências de variáveis relacionadas na concordância de número em português. In: 50° Seminário do Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo, 2002.
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editorial, 2002.
CÂMARA JR, Joaquim Mattoso. História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1975.
CAMPOS, Odette G. L. de Souza; RODRIGUES, Ângela C. S. Flexão Nominal: indicação de pluralidade no sintagma nominal. In: ILARI, Rodolfo (org.). Gramática do português falado. V. II: níveis de análise linguística. 4a ed. Campinas: editora da UNICAMP, 2002.
CARVALHO, Hebe. Concordância nominal: uma análise variacionista. João Pessoa: UFPB, 1997.
CARVALHO, Raimunda Coelho de. A concordância de número no sintagma nominal na fala urbana de Rio Branco. Mestrado em Linguística. Campinas: UNICAMP, 1997.
CASTILHO, Ataliba T. de. Fundamentos teóricos da gramática do português culto falado no Brasil: sobre o segundo volume, classes de palavras e as construções gramaticais. Alfa, São Paulo, v. 51, n.1, p. 99-135, 2007.
CASTRO, Flávio Marcelo Bueno de; PEREIRA, Vinícius Carvalho. A concordância nominal na norma culta em Cuiabá. Revistas LetrasMil. V. 1, n. 3, 2012.
CUNHA, Celso. A questão da norma culta brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985.
FARIAS, Roberto Carlos. A atual situação diglóssica do Brasil: suas origens no bilinguismo dos primeiros séculos de colonização. In: Actas do Primeiro Simpósio Internacional sobre Bilinguismo. Vigo, Galiza, 1997. Disponível em: http://webs.uvigo.es/ssl/actas1997/06 ̸ Farias.pdf. Acesso em 10 de outubro de 2014.
FERNANDES, Marisa. Concordância nominal na região sul. Dissertação de mestrado. Florianópolis: UFSC, 1996.
FONTES, José Raimundo. O Novo Ciclo de Desenvolvimento de Vitória da ConquistaBA, 2009. Disponível em: <http://www.conquistadetodos.com.br/artigo> Acesso em 09 de abril de 2014.
GUIMARÃES, Maria Aparecida Souza. Concordância nominal de número no português popular do Brasil: estudo de variação e mudança no vernáculo conquistense. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Linguística, UESB, 2014.
GUY, Gregory. As comunidades de fala: fronteiras internas e externas. Abralin, 2001. Disponível em <http://sw.npd.ufc.br/abralin/anais_con2int_conf02.pdf>
ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O português da gente: a língua que estudamos/a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2009.
JAKOBSON, Roman. Linguística e comunicação. São Paulo, Cultrix, 1969.
LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. Tradução Marcos Bagno, Maria Marta Pereira Scherre e Caroline Rodrigues Cardoso. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
LOBO, Tânia. A formação histórica do português brasileiro: o estado da questão. Comunicação ao XI congresso da ALFAL. Gran Canária, 1996.
LOPES, Norma. A concordância nominal, contexto linguístico e sociedade. Tese de doutorado, UFBA, Faculdade de Letras, 2001.
LUCCHESI, Dante. Variação e norma: elementos para uma caracterização sociolinguística do português do Brasil. In: Revista Internacional de Língua Portuguesa. n. 12, 1994.
LUCCHESI, Dante. A variação na concordância de gênero em uma comunidade de fala afro-brasileira: novos elementos sobre a formação do português popular do Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras. Tese de Doutorado em Linguística: 2000.
LUCCHESI, Dante. As duas grandes vertentes da história sociolinguística do Brasil (1500-2000). D.E.L.T.A., 17:1, 2001.
LUCCHESI, Dante. O conceito de transmissão linguística irregular e o processo de formação do português no Brasil. In: RONCARATI, Claudia; ABRAÇADO, Jussara (orgs.). Português brasileiro: contato linguístico, heterogeneidade e história. Rio de Janeiro: 7 letras, 2003.
LUCCHESI, Dante. Sistema, Mudança e Linguagem. São Paulo: Parábola Editorial, 2004.
LUCCHESI, Dante. Parâmetros sociolinguísticos do português brasileiro. Revista da ABRALIN, v. 5, n. 1 e 2, p. 83-112, dez. 2006.
LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan e RIBEIRO, Ilza. (Orgs.) O português afro-brasileiro. Salvador: EDUFBA, 2009.
LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan. A transmissão linguística irregular. In: LUCCHESI, Dante; BAXTER, Alan; RIBEIRO, Ilza (Orgs.). O português Afro-Brasileiro. Salvador: Edufba, 2009.
LUCCHESI, Dante. Os limites da variação e da invariância na estrutura da gramática. Revista da ABRALIN, v. Eletrônico, n. Especial, p. 227-259. 2a parte 2011. Disponível em: www.abralin.org/revista/RVE2/6v. Acesso em 20 de junho de 2014.
LUCCHESI, Dante. A teoria da variação linguística: um balanço crítico. Estudos Linguísticos, São Paulo, 2012.
MAGALHÃES, Lívia Diana Rocha. Políticas educacionais e trajetórias geracionais: primeiros relatos da pesquisa em Vitória da Conquista-BA. In: Anais do VI colóquio do Museu Pedagógico. Vitória da Conquista, 2006.
MARCONI, M.A.; LAKATOS, E.M. Técnicas de Pesquisa. 2. ed. São Paulo, Atlas, 1990.
MARTINS, Flávia Santos. Variação na concordância nominal de número na fala dos habitantes do alto Solimões (Amazonas). Tese de doutorado. Florianópolis: UFSC, 2013.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Uma interpretação para a generalizada difusão da língua portuguesa no território brasileiro. Gragoatá. Niterói, n. 9, p. 11-27, 2 sem. 2000.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Ensaios para uma sócio-história do português brasileiro. São Paulo: parábola, 2004.
MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. Para a história do português culto e popular brasileiro: sugestões para uma pauta de pesquisa. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, no 34, p. 31-41, 2008.
MATTOSO, Kátia de Queirós. Ser escravo no Brasil. 3a ed. São Paulo: Brasiliense, 1990.
MEC. Parâmetros Curriculares Nacionais: primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. 3ª ed. Brasília: MEC/SEF, 2001.
MOLLICA, Maria Cecilia; BRAGA, Maria Luiza (orgs.). Introdução à Sociolinguística: o tratamento da variação. 4a. ed. São Paulo: Contexto, 2010.
NARO, Anthony Julius; SCHERRE, Maria Marta Pereira. Origens do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
NOLL, Volker. O português brasileiro: formação e contrastes. São Paulo: Globo, 2008.
NOVAIS, Idelma aparecida Ferreira. Produção e Comércio na Imperial Vila da Conquista (Bahia, 1840-1888). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, 2008.
RIBEIRO, Ilza. A origem do português culto. A escolarização. Comunicação em encontro da UNIFACS. Salvador, 1999.
RODRIGUES, José Honório. A vitória da língua portuguesa. Humanidades. Volume 1, número 4. Universidade de Brasília, 1983.
SANTOS, Lília Soares Miranda. Sobre a ausência de concordância nominal no português falado em Pedro Leopoldo-MG: uma abordagem variacionista. Dissertação de mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 2010.
SANTOS, Ocerlan Ferreira; NASCIMENTO, Washington Santos. Dimensões da Vida Escrava na Imperial Vila da Vitória nos últimos anos da escravidão (1870-1888) (2010). Disponível em: http://periodicos.uesb.br/index.php/politeia/article. Acesso em: 21 abr. 2014.
SAPIR, Edward. A linguagem: introdução ao estudo da fala. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1971.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. 34ͣ ed. São Paulo: Cultrix, 2012.
SCHERRE, Maria Marta Pereira. Reanálise da Concordância Nominal em Português. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ, 1988.
SCHERRE, Marta. Aspectos da concordância de número no português do Brasil. Revista Internacional de Língua Portuguesa (RILP) – Norma e Variação do Português. Associação das Universidades de Língua Portuguesa, 1994.
SCHERRE, Maria Marta Pereira. Sobre a influência de três variáveis relacionadas na concordância nominal em português. In: OLIVEIRA E SILVA, G. M. de; SCHERRE, M. M. P. (Org.). Padrões sociolinguísticos: análise de fenômenos variáveis do português falado na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro; Universidade Federal do Rio Janeiro, Departamento de Linguística e Filologia, 1996.
SCHERRE, M. M. P. & NARO, A. J. Sobre a concordância de número no português falado do Brasil. In Ruffino, Giovanni (org.) Dialettologia, geolingüística, sociolinguistica. (Atti del XXI Congresso Internazionale di Linguistica e Filologia Romanza) Centro di Studi Filologici e Linguistici Siciliani, Universitá di Palermo. Tübingen: Max Niemeyer Verlag, 5:509-523, 1998.
SCHNEIDER, Simone Daise. Concordância nominal na fala de crianças de 3 a 6 anos de idade do município de Novo Hamburgo: variação linguística na infância. Tese de Doutorado. Porto Alegre: UFRGS, 2012.
SILVA, Janaína Biancardi de. A concordância nominal na fala capixaba. I congresso nacional de estudos linguísticos, Vitória-ES, 2011.
SILVA, Jorge Augusto Alves da. A concordância verbal de terceira pessoa do plural no português popular do Brasil: um panorama sociolinguístico de três comunidades do interior do estado da Bahia. Tese de doutorado, UFBA, Instituto de Letras, 2005.
SILVA, Jorge Augusto Alves; SOUSA, Valéria Viana. Pelo “Sertão da Ressaca”: contribuições para a compreensão da sócio-história do Português Popular do Brasil. Disponível em: http://www.revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/361. Acesso em: 15 abr. 2014.
SILVA-DE-SOUSA, Maria Aparecida. A Conquista do Sertão da Ressaca: povoamento e posse da terra no interior da Bahia.1998. 172p. Dissertação (Mestrado em História) - Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1998.
SILVA NETO, Serafim da. Introdução ao estudo da língua portuguesa do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: INL, 1963.
SOUSA, Angelita Cunha da Silva. A Rua do Maga-Sapo: cotidiano e representações da prostituição em Vitória da Conquista-BA (1950-1971). Programa de Pós-Graduação em Letras: Cultura, Educação e Linguagens, Universidade Estadual do sudoeste da Bahia, 2013.
SOUZA, Daniela Moura Rocha de. Memória de professores intelectuais como interlocutores do republicanismo em Vitória da Conquista entre os anos de 1910 até 1945. Dissertação de mestrado. Vitória da Conquista: UESB, 2009.
TANAJURA, Mozart. História de Conquista: Crônica de uma cidade. Vitória da Conquista: Brasil-Artes Gráficas, v. 01, 1992.
TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia. 10. ed. Revista e ampliada. Salvador: EDUFBA, 2001.
VOTRE, Sebastião; RONCARATI, Cláudia (organizadores). Anthony Julius Naro e a linguística no Brasil: uma homenagem acadêmica. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.
WEINREICH, Uriel; LABOV, William; HERZOG, Marvin. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Categorias
- Linha de Pesquisa 1 - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DE LÍNGUAS NATURAIS
- Orientador: Dr. Jorge Augusto Alves da Silva
- Coorientadora: Profa. Dra. Vera Pacheco
- Projeto Temático: Português popular do Brasil: bases empírico-teóricas para a constituição, descrição e análise de um corpus linguístico da comunidade de fala de Vitória da Conquista - Ba
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
